segunda-feira, 11 de julho de 2011

Tua noite, essa noite (dança de espelhos)

Se olhou no espelho como se
desconhecesse
o mundo de dentro.
Mergulhou em uma maquiagem vazia
Fez três marcas pelo corpo
- quem as encontraria?
Não habitava mais as planícies de si.
Se tocou com mãos de um outro
ou de uma outra, ou de uma coisa.
As pálpebras pesadas, torpor do encontro
Impossível
consigo mesma.
Mergulhou os dedos em ânsia,
entrega perdida, os olhos vagavam
Pela boca borrada, beijos soltos
Mordidas de vidro
Aquele olho lívido, ávido, crescendo fome
Numa luz de medo e sombras líquidas.
No êxtase de se perceber
Inimaginável,
Terrificante,
Dominadora,
hipnotizou um canto do reflexo com a língua
e com os mesmos dedos de si
Dedilhou o espelho com a força
de três existências comprimidas entre as pernas.

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