quarta-feira, 30 de abril de 2008

Besta é Tu!

por que não viver?
não viver esse mundo
por que não viver?
se não há outro mundo!
por que não viver?
não viver outro mundo?

e pra ter outro mundo
é preci-necessário
viver!

(novos baianos)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Eu só sei que é preciso paixão.

E eu estou apaixonada pela gota de chuva na lente do meu óculos, pelas pedras dentro do meu sapato vermelho, pelo céu que nunca vejo, pelo balanço do meu corpo, e também pelo do meu coração. Eu me apaixonei por tudo que me escapou, por tudo que me casou, e por tudo que me brota. Me sinto VerdeViva. Me sinto portas e possibilidades, me sinto parte de tudo que me sorriem por tudo que me desvendam, me mostro crua. estou apaixonada: crua, nua, exposta, queimando ao sol, fazendo arder todas as idéias e sensações que me transbordam em torno do sentimento de estar viva e no lugar certo, entregue e Toda.

domingo, 27 de abril de 2008

minha carne é de carnaval, meu coração é igual.

felicidade que não cabe em mim. meu Mais cresceu, me transbordou. só quero embriagar o mundo, quero me jogar, quero meu corpo solto das cordas. tirei minha máscara, e agora eu danço por todo salão com meus próprios pés. meu confete chove, e eu me sinto toda amores e carnaval.

Mr. Potato Head

as palavras me sabotam. não sei o que dizer quando me sinto livre, e fluida, e fértil. brotam de mim todas as possibilidades que se atravessaram no meu caminho, e as portas que eu fechei foram só ilusões referentes ao fim, porque agora tudo se transformou, e tudo desabrocha lentamente, tão lentamente que até consigo saborear os fragmentos doces de tudo que acontece em mim (dentro e fora). eu flori. e se eu reflito a luz que depositam em mim, é porque eu olhei pro escuro da beira do abismo e decidi não pular. eu quero é pular n'água morna que me invade, quero amortecer a queda com calor. quero acalentar as mãos, e me perder nessa dança. antes, eu era fragmentos desconexos, nacos roídos de vazio; agora eu sou o encaixe de tudo que me ocorre, testando o gosto da fruta com a ponta da língua, para saber se me ocorre morder. se antes eu era lágrima seca, agora sou chuva, e minha fertilidade respinga em todos que me sorriem. estou embriagando com sorrisos e com tudo de brincadeira que se fez no meu corpo, no momento em que eu me permiti fluir a água que eu invariavelmente sou. hoje talvez eu saiba que minha terra firme só se faz onde me permitem escoar meu líquido, sem medo.

Cheshire Cat


eu vi as estrelas pelos traços que os galhos do cinamomo faziam no céu negro. eu senti as luzes através de todos os caminhos-possibilidades de uma vida, e eu realmente senti que meu momento é esse balanço lento, rodopiante, embriagante, que prende minhas idéias aos sons, aos sinais, às coincidências que agora sinto como pequenos caminhos a serem traçados, como os galhos da árvore que me protege, e que desembocam em estrelas diferentes, em sonhos azuis. e a lua me sorriu, cheshire cat balançava sua cauda, e o mundo corria num rodopio lento e protegido. Alice não saberia viver esse momento. Eu estou além de mim mesma, eu atravessei a porta, comi o cogumelo, e eu só sei crescer, crescer... a casa é tão pequena, abandonei meu casulo. Abandono meu corpo num suspiro, e minha alma voa e dança, e eu transformo meus anseios em cantos, minha vida em dança. Meu movimento livre, me livro das amarras, nunca estive tão longe. Experimento atalhos, retiro pedras, eu flutuo, eu sobrevôo a ferida aberta, eu abro as portas, eu deixo entrar, e tem algo dentro de mim que se agiganta, meu Mais, minha embriaguez de estar vivendo, sentindo, como nunca.

nenhum talento para o lado prático da vida.

não tenho talento
pro lado prático da vida.
pros números, pras construções, pras letras.
para todos os moldes.
não tenho o talento
do encaixe perfeito
da rapidez desconjunta
do atropelamento surdo.
não tenho talento!
nem tempo
para não viver os ventos
e não sentir os corpos.
meu tempo eu gasto
em flagelos e sorrisos.
e vida pulsante.
Me escorro pelo mundo
sem talento para tudo
que tem forma mínima
e não alça vôo.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Náusea

Todo o peso que eu carrego é todo o sangue que não escorre entre as minhas pernas. Me pesa o mundo, me pesa mudo o ventre. Arrebento num grito tudo que me amarra as entranhas, e me sopra no ouvido com vozes demoníacas o medo de me continuar, de desinterromper o interrompido em outra estação. Perco o chão numa vertigem, mas já perdi a mim mesma em outras cidades. Me resta perder o que carrego, traçar um plano de fuga, escapar de mim mesma, me esconder do que se esconde dentro de mim.