terça-feira, 31 de maio de 2011

Torci meus últimos cigarros, fraturei os copos de vidro contra o chão.
As garrafas, intocadas, permanecem no mesmo terreno dos amigos que não busco.

Nesses dias de olhos sem reflexo,
os livros e a incerteza do frio
a música e a certeza da falta
Me bastam.

sábado, 14 de maio de 2011

Não se sabe o quanto os sorrisos amaciam os dentes. Os ossos luzidios, brancos, densos, podem cortar a carne dos lábios, podem cortar a carne do corpo, mastigar o coração com a calma violenta que cabe àqueles que se sabem em vantagem brutal. Mas os sorrisos, rasgos simples de canto de boca, essa abertura desordenada - o sorriso, ele expõe.

Ninguém suspeitaria de mãos tão frágeis. Unhas polidas, sem esmalte, sem cheiro. Dedos longos. Incrível como Metacarpo e Falange passaram a me soar ridiculamente poéticos.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A estética do frio interno

No corpo, é ligeiro como passam
os dedos, a cavalo, troteando
o frio batendo nas unhas roxas
e se perdendo para sempre
entre as coxas

Tem um quê de tristeza
tudo que não se demora
o tempo necessário do desabrocho
Tal qual um girassol na janela
meio morto

Queria era ter língua de serpente
(ou olho de fogo)
pra roubar no galope dos lábios
a mão que se ausenta no vento frio
deixando a terra úmida exposta
no infértil sombrio

sábado, 7 de maio de 2011

Os sonhos, hoje,
não são diferentes do que eram
na noite em que eu te conheci:

impossíveis.