terça-feira, 25 de agosto de 2009

- neste instante, eu poderia ficar pra sempre contigo.

mas eu não poderia ficar pra sempre contigo neste mesmo instante.



adeus.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Ex-colha

"socorro, alguma rua que me dê sentido... em qualquer cruzamento, acostamendo, encruzilhada..." arnaldantunes.

Para todo caminho de ida, existe um caminho de volta. E para toda reta que se segue, existe uma transvesal, com um horizonte tão insuspeito e insabível quanto este para onde escolhemos olhar. Essa escolha nem sempre cola com o que queremos, embora sempre colha. Colhemos, nesse caminho, a poeira a partir da qual vamos nos constituir nessa cerâmica que é a vida, nessa construção que nem a morte finda, uma vez que tudo repercute. Somos a poeira que colhemos para nos constituir e somos a poeira que deixamos no caminho para que os outros se constituam. Para que a roda gire, para que não pare, para quê. Nesse caminho a escolha é, muitas vezes, uma ex-colha: é a colheita do que está fora da nós, buscando uma integração entre o exterior e o ato gerador (da colheita), a semente germinativa, que todos carregamos. Nada sabemos, de certeza, sobre a origem da vida; e não creio que chegar a esse conhecimento preciso seja realmente importante ou relevante para a história e futuro da humanidade: acredito que o relevante, de fato, é a tomada da vida enquanto milagre. É um milagre, de fato. Seja religioso, biológico, químico, evolutivo, alienígena... não importa. Acredito que seja muito mais importante conhecer as lendas indígenas da Sepente Emplumada, testemunha de o que é criar, do que ter a certeza de qual elemento químico se juntou, por acaso (sempre o acaso!) com que outro em que determinada temperatura, e que acabou desembocando em toda a diversidade que presenciamos mundo a fora. Não nego a importância das ciências químicas e biológicas, quem sabe a curiosidade não é a única característica genuinamente humana? O que trago aqui é que, relevante mesmo, em termos "adaptativos" e "evolutivos", é a celebração da vida, em toda sua diversidade.

Escolher a vida. Essa escolha que passa por esse caminho longo aí na frente, caminho para o qual olhamos agora vislumbrando o horizonte. E que, se olharmos para o lado, também pode ser contemplada, porque a vida é reta e transversal, líquida e poeira, é a única coisa que faz sentido (mesmo não fazendo). e é a única coisa que devemos escolher e cultivar, uma vez que é a única coisa que se pode colher. E como todo fruto, ela tem finitude, e pode ser encontrada nos mais diferentes formatos e sabores (até mesmo lá onde se pensou impossível).

Redireciono meu caminho. Meio tímida, mas muito certa de que a vida não passa de uma valsa que nos convida a dançar. E que não insiste, jamais. Depende de nós, então, ficarmos sentados à margem da festa, esperando a hora de dormir, ou nos juntarmos a ela nesse baile febril, criando movimentos-potência, espalhando a alegria, até que a música acabe.