terça-feira, 27 de setembro de 2011

primavera...

Farfalhando no meu ouvido
tuas palavras macias de folha de girassol.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Na vez terceira em que caiu
A dor foi tão intensa
que finalmente percebeu:
Não havia levantado do chão
desde a primeira.
Por que tão cru?
Por que tão cruel?

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Quando os homens apareceram
Era tarde, e eu não sabia.
O dia deitava em véspera
E a espera já não mais existia.
Como dizer a eles que uma mão
Já havia pousado sobre meu rosto,
Dedos que desenharam máscara de fogo?
Pena de pássaro se perdeu num sopro.
Os homens de frente, de costas,
Tomaram posições disformes.
Esperavam sem face pelo meu perdão
Mas meu perdão já havia sido decepado
Por dentes de tigres de nuvem
Muito antes de eles chegarem aqui.
Eu não sabia, eu estava cega para eles...
Não havia corpo penetrável,
Nem palavra de aluguel;
Havia apenas um grande mal entendido
Habitando meu peito.
Pela insistência e por desacato,
Já desistida de história e de bruma,
Dei a eles meus olhos de pedra.
Com mãos de lã de ovelha
Acarinharam as imagens perdidas;
Depois sentaram-se sobre minhas coxas
E comeram o que havia restado
Dos meus sonhos de prata.