domingo, 27 de abril de 2008

Mr. Potato Head

as palavras me sabotam. não sei o que dizer quando me sinto livre, e fluida, e fértil. brotam de mim todas as possibilidades que se atravessaram no meu caminho, e as portas que eu fechei foram só ilusões referentes ao fim, porque agora tudo se transformou, e tudo desabrocha lentamente, tão lentamente que até consigo saborear os fragmentos doces de tudo que acontece em mim (dentro e fora). eu flori. e se eu reflito a luz que depositam em mim, é porque eu olhei pro escuro da beira do abismo e decidi não pular. eu quero é pular n'água morna que me invade, quero amortecer a queda com calor. quero acalentar as mãos, e me perder nessa dança. antes, eu era fragmentos desconexos, nacos roídos de vazio; agora eu sou o encaixe de tudo que me ocorre, testando o gosto da fruta com a ponta da língua, para saber se me ocorre morder. se antes eu era lágrima seca, agora sou chuva, e minha fertilidade respinga em todos que me sorriem. estou embriagando com sorrisos e com tudo de brincadeira que se fez no meu corpo, no momento em que eu me permiti fluir a água que eu invariavelmente sou. hoje talvez eu saiba que minha terra firme só se faz onde me permitem escoar meu líquido, sem medo.

Um comentário:

Vincent D. Paradise disse...

'e se eu reflito a luz que depositam em mim, é porque eu olhei pro escuro da beira do abismo e decidi não pular.'

nossa, muito muito bom.