Olha meu copo!
Olha! Olha fundo e dentro
porque tudo, tudo se respinga
se contorna, se contorce
e acerta em cheio.
Olha meu copo!
Equilibrando no estômago um mar bravio
abraçando o intangível,
o improvável,
a liquidez.
Olha meu copo!
olha meus olhos dentro do copo
e esse sorriso bobo
turvo, seco e molhado
como o vinho.
Olha meu copo!
E todas as gotas que fazem natação
que escorrem em redemoinho
que se chacoalham na minha mão
e terminam sempre no chão.
Olha meu copo!
Me adivinha lá dentro
por trás do gosto amargo,
do olhar quebrado,
do contratempo.
Olha meu copo!
E te encontra sereno ao fundo
furado
escorrendo pela ausência
de matéria plástica.
Olha meu copo!
E tenta sentir a torrente
de tudo que transborda
morno
quando me entorno dentro dele.
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