segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

"deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa..."

Jasão: "Você é viagem sem volta, Joana. Agora eu vou contar para você, sem rancor, sem sacanagem porque é que eu tinha que te abandonar. Você tem uma ânsia que me esgota. Ninguém pode viver tendo que se empenhar até o limite de suas forças, sempre, para fazer qualquer coisa. É no amor, é no trabalho, é na conversa, você me exigia inteiro, intenso, pra tudo, caralho... Tinha que olhar pro céu pra dar bom dia. Tinha que incendiar a cada abraço, tinha que calcular cada pequeno detalhe, cada gesto, cada passo. Que um cafezinho pode ser veneno e um copo d'agua, copo de aguarrás.
Só que Joana, a vida também é jogo, é samba, é piada, é risada, é paz. Pra você não Joana, você é fogo. Está sempre atiçando essa fogueira, está sempre debruçada pro fundo do poço, na quina da ribanceira, sempre na véspera do fim do mundo. Pra você, não há pausa, nada é lento. Pra você é tudo hoje, agora e já. Tudo é tudo, não há esquecimento, não há descanso, nem morte há. Pra você não existe dia santo e cada segundo parece eterno.
Foi por isso mesmo, que te amei tanto, porque, Joana, você é um inferno."


da peça Gota d'Água.

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