segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Efemeridade.

Todo momento de desgraça ou de prazer não passa de uma eternidade vivida numa ampulheta com final ao alcance dos dedos. Na passagem repentina de uma centena de nuvens, moldamos e remoldamos algo que não nos pertence: ser. Na estabilidade desencontramos a mobilidade a qual viver nos remete: condição humana do movimento incessante. De nada adianta tentar aprisionar bons momentos, como se a felicidade fosse algo palpável, ou se o prazer pudesse durar mais do que um orgasmo. Ou se desesperar e angustiar como se a dor fosse infinita. Nada é. Tudo está. Estar: é ser em um dado momento. Multiplicando seres, numa constante mudança, algo que só alcança alguma expressão em algo plástico, ou cênico. Palavras são estáticas, e todo movimento que tento tirar delas se resume a tentativas vãs de alguém que visa autenticidade, mas que não passa de um qualquer sentimental aprisionado à ordem.

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