segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Angústia

De repente, um buraco vazio a frente. Procurando em volta não encontrava nada em que pudesse se segurar: o espaço estava tomado de idéias, de palavras, de coisas médias e conflitantes. Fumaça. Pedaços de cortiça tomados por traças. Farelos dos ossos que se decompunham. Azedume de toda uma vida visceral regurgitada. Deixava fósforos queimarem lentamente, uma caixa, duas... finda a luz e em canto algum dessa morada criou-se paz ou alguma ilusão parecida. Tic tac, vertigem, medo. Um passo e um abismo infinito, toda a atração da queda e o inferno lá embaixo, queimando lentamente tudo que permite uma vida ridícula. Lá embaixo, tudo de mais vital pulsava. Perturbação, coração palpitante. Cair no abismo... De repente, não mais do que isso, juntou todo seu pó, todos seus vícios e sua indiferença, se agarrou com toda a força que tinha a um pedaço de papel, e assim conseguiu se enganar por mais algumas semanas. Sedada.

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