domingo, 13 de dezembro de 2009

abandono de si

sinto que existem algumas necessidades inerentes a todos ser humano, entre elas estão a necessidade de se comunicar, de ficar só e de se perder. nenhum homem precisa encontrar-se, assim como nenhum homem precisa de um motivo para viver. as ilusões de que se pode alcançar algo infindável ou que se pode vencer a morte não trazem nenhuma satisfação. aliás, satisfação não é uma necessidade também, uma vez que ela é apenas mais uma utopia, pois difere drasticamente do que nos constitui enquanto humanos. dentro do humano só há caos, uma ebulição de sentimentos e impulsos sem explicação. o que acabamos fazendo é tentar ordenar esse caos, e isso nos leva, inevitavelmente, a uma vida asséptica. anestesiados, deixamos de viver a única experiência tipicamente humana. viver essa ebulição implica, sim, em se perder. e se pensar enquanto alguém que está perdido talvez seja o início da nossa libertação: fundidos no que somos, podemos, enfim, deixar de ser. perder nossas identidades talvez seja o único modo de comunicar, sem pretenção alguma, a única experiência humana por excelência: a ausência de sentido.

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