segunda-feira, 2 de junho de 2008

Sangria

Dizem que para curar certos tipos de mal se faz sangria. Extrai-se o sangue ruim, contaminado, para que se fique livre do que adoece. Sangria dói, dizem. Principalmente pela impossibilidade
de se controlar. Vai sair um pouquinho só? Não se sabe. A necessidade dita a quantidade, mas a quantidade às vezes é absurda, e o veneno, ao sair, pode esvair a pessoa em sangue. Esvaziar. O que aconteceria então? Morte? Cura? Ninguém sabe. Os ditos corajosos estão por aí, se escondendo atrás de alegorias. Mas também ouvi falar que há uma crise até entre os acostumados com essa prática. Parece que nos últimos tempos o couro endureceu, e que está cada vez mais difícil fazer um sulco eficiente. Resultado: os que ainda sabem o que se deve fazer, estão morrendo de seu próprio sangue envenenado. Aos poucos.

2 comentários:

Pedro disse...

"Os ditos corajosos estão por aí, se escondendo atrás de alegorias"

Muito bom!

Guilherme M. disse...

Eu ando sangrando tanto, mas me confunde. Não sei se saem as coisas puras e ficam as podres. Ou vice-versa.
Quem sabe, devemos deixar o sangue todo ali, misturado, o bom e o ruim(?). Eu não sei o que eu quero, mas não vou me desfazer da minha valiosa podridão. Arriscando errar.
Se confrotarmos este conflito, talvez fiquemos menos tempo girando entorno de uma 'rótula', com medo de entrar na 'contra mão'.

Mto bom Ju. Tuas reflexões me levam a refletir! bjos